Muitos têm a intuição de que viver perto de árvores e espaços verdes é benéfico para a nossa saúde. Mas quanto poderia uma árvore na rua ou um parque de bairro próximo melhorar a nossa saúde?
É um facto conhecido que as árvores urbanas melhoram a qualidade do ar, reduzem o uso de energia para arrefecimento e aquecimento e tornam os ambientes urbanos esteticamente mais preferíveis. Mais importante ainda, vários estudos mostraram que a exposição a espaços verdes pode ser psicologicamente e fisiologicamente restauradora, promovendo a saúde mental, reduzindo a mortalidade não acidental, reduzindo a morbidade avaliada por médicos, reduzindo o efeito da desigualdade de saúde relacionada com o rendimento na morbidade, reduzindo a pressão arterial e o nível de stresse, reduzindo o tempo de lazer sedentário, além de promover a atividade física. Além disso, o espaço verde pode aumentar os benefícios psicológicos e cardiovasculares da atividade física, em comparação com outros cenários.
Além disso, a pesquisa experimental demonstrou que interagir com ambientes naturais pode ter efeitos benéficos — após exposições breves — sobre memória e atenção para indivíduos saudáveis e para populações de pacientes. Além disso, verificou-se que ter acesso a vistas de cenários naturais (por exemplo, de uma cama doméstica ou hospitalar) reduz o crime e a agressão e melhora a recuperação após cirurgias.
Diversos estudos têm demonstrado que os ambientes naturais podem melhorar a saúde
Numa altura em que a maioria da população vive em cidades, estamos a autoflagelarmo-nos ao não dar prioridade à profunda ligação dos humanos com a Natureza. Perdemos de vista como os espaços naturais, mesmo as versões citadinas desses espaços, nos pode ajudar a sentir psicologicamente restabelecidos. Existem diversos estudos académicos que mostram que estes jardins e parques nos tornam mais saudáveis, mais criativos, mais empáticos e mais aptos a intervir no mundo e com as outras pessoas. Ou seja, a Natureza faz bem à civilização.
Os parques naturais não têm de ser espetaculares para sentirmos alguns benefícios emocionais ou cognitivos.
Cientistas finlandeses mediram o bem-estar das pessoas em três ambientes diferentes: paisagens urbanas, parques urbanos ocupados e florestas mais selvagens. A equipa de pesquisadores, liderados por Liisa Tyrväinen, do Instituto Finlandês de Recursos Naturais, concluiu que as pessoas se sentiam psicologicamente restabelecidas, estando apenas sentadas durante 15 minutos no parque ou na floresta. Após um pequeno passeio a pé, esses sentimentos aumentavam, sendo que aumentavam mais na floresta. E os benefícios não eram apenas tranquilidade. Os níveis de vitalidade aumentam apenas na natureza. Levou 45 minutos a passear. Os participantes do estudo no parque e na floresta sentiram-se 20% melhor do que os participantes na área urbana e também relataram sentirem-se mais criativos.
Outro estudo, liderado por Gregory Bratman, da Universidade de Stanford, nos EUA, concluiu que caminhar 50 minutos num parque urbano melhorava o humor das pessoas, bem como a memória e a atenção, enquanto uma caminhada de 90 minutos produziu mudanças nos seus cérebros de forma a proteger contra a depressão.
Noutro estudo, publicado em 2015 na revistaProceedings of the National Academy of Sciences, sugere que estar num parque (mas não numa rua de uma cidade) reduzia a o fluxo sanguíneo para a área subgenual do córtex préfrontal, uma parte do cérebro associada a padrões de pensamento negativo.
Portanto, para estes investigadores e muitos outros, tudo se resume a: faça atividades ao ar livre, regularmente, encontre um espaço verde que o faça feliz. E para maximizar os sentimentos de restabelecimento, especialistas como David Strayer, um psicólogo da Universidade do Utah, dizem que devemos arrumar os telemóveis e prestar atenção aos sons e ao cenário da natureza. A ideia é envolver os nossos sentidos por completo e interromper, mesmo que brevemente, o constante stresse urbano.
Os cientistas dizem que, quando os seres humanos vêem a cor verde e interagem com a natureza, os nossos corpos manifestam sinais químicos e psicológicos de stresse reduzido.
A experiência mostra que as cidades com mais árvores são mais frescas, em média, têm menos poluição do ar e, como resultado, menos casos de doenças respiratórias. Temperaturas mais frias significam menos energia utilizada no verão e mais árvores significam valores mais elevados dos imóveis.