Hoje em dia, dispor de um espaço fechado e isolado em casa, dedicado exclusivamente ao relaxamento ou meditação, é o sonho de qualquer pessoa. E nem necessita de ser só em casa, também pode ser numa zona concreta da cidade.
Quem não desejaria afastar-se do bulício da urbe e esquecer-se dos problemas diários num espaço natural carregado de simbolismo? A resposta é muito simples e, sobretudo, simples de responder.
Um jardim japonês pode ser a via de escape perfeita.
Neste novo post do blogue, analisamos estas paisagens majestosas. Como talvez já saiba, tratam-se de espaços que procuram transmitir serenidade, majestosidade e que convidam à contemplação e ao relaxamento.
Se está com curiosidade, convida-mo-lo a continuar a leitura. De certeza que não se vai arrepender.
O que é um jardim japonês?
O jardim japonês, considerado como uma das paisagens arquitetónicas mais icónicas da humanidade, é um espaço espiritual, refinado na sua estética, nas suas formas e fundo, de diferentes tendências.
São fruto do budismo chinês.
Com o passar dos anos, deixaram de lado o seus homólogos chineses, menos refinados, para se converterem em espaços mais distintos. Os jardins japoneses são parte importante da melhor tradição do Japão em termos de construção e constituem um espaço dentro das casas privadas da população japonesa mais abastada.
Existem desde a era Heian.
Mas não se encontram apenas nas vivendas privadas. Também podem ser vistos em templos (dedicados à meditação), em capelas e em lugares históricos, como, por exemplo, em castelos.
Existem vários tipos de jardins de acordo com o estilo e o uso que se lhes pretenda dar. Destacam-se os de passeio, de aposento, de contemplação e do chá. Nestes últimos celebra-se a famosa e tradicional Cerimónia do Chá. Este culto consiste em preparar chá verde de uma forma ritual e ancestral. Foi influenciada pelo budismo zen e é uma manifestação da história e da cultura japonesas.
Em conclusão, o jardim japonês é um jardim fechado, isolado do exterior, que tem como objetivo oferecer paz, serenidade e relaxamento a quem se encontra nele. É um espaço simples em que todos os elementos cumprem um papel e em que não falta nem sobra nada nesse jardim.
Isto faz com que o visitante se possa relaxar como, talvez, nunca antes o tenha feito.
Que representa um Jardim japonês? As suas características e os seus ideais
Tal como mencionado, os jardins japoneses são concebidos para mostrar espiritualidade, refinamento e majestosidade em todas as suas formas.
Estas paisagens mostram uma série de ideais, independentemente do estilo ou do tipo que seja. Cada um deles apresenta uma assimetria em todos os elementos que os compõem – simplicidade em todas as formas, elegância e uma grande profundidade espiritual. Serenidade, naturalidade, magnificência são conceitos que se podem considerar como sinónimos de “jardim japonês”.
Cada um destes jardins representa um refinamento cultural.
Um bem construído é uma obra de arte em si mesma e, devido à sua natureza delicada e viva (as plantas, flores e árvores estão em constante desenvolvimento), a manutenção do mesmo decai. Ainda assim, qualquer alteração que se produza nele modifica em grande medida o seu estilo e o seu objetivo.
Tudo foi pensado para encaixar.
Os princípios estéticos de um destes jardins
Os jardins japoneses foram pensados de tal forma que cada elemento incorporado cumpre com uma determinada função.
Tal como referido anteriormente, é um espaço fechado em que todas as plantas, árvores e mesmo as rochas, têm um objetivo. Tudo está pensado para encaixar, nada tem de sobra e todos os componentes cumprem uma série de princípios, sobretudo, estéticos.
Estes princípios básicos são:
- Uma vista em miniatura que idealiza a natureza. Como verá em secções posteriores, as rochas representam montanhas e os tanques costumam simbolizar mares. A miniaturização está presente em todos os elementos.
- Miegakure: é o conceito de “ocultar e revelar”. O jardim de passeio (estilo que se analisa em secções posteriores) foi pensado para que o visitante, pouco a pouco e à medida que vai caminhando por ele, descubra elementos novos. O jardim representa um pergaminho que deve ser desenroscado.
- Shakkei: princípio que orienta o visitante no caminho a percorrer no jardim. Trata-se de um guia visual e auditivo. Converte esta paisagem japonesa numa experiência para desfrutar, não apenas algo para contemplar e admirar.
- Assimetria: nos jardins japoneses não há linhas retas, pelo contrário, os elementos estão a diferentes alturas. Geralmente, os edifícios ou os sistemas naturais colocam-se para serem vistos desde uma diagonal.
Que representa um jardim japonês?
Um Jardim japonês pode ser interpretado de duas formas, dependendo de se se faz desde um ponto de vista topográfico ou geográfico.
A paisagem pode representar um arquipélago localizadas ao redor do Mar Interior de Seto. No entanto, também pode simbolizar o cosmos, ou seja, um grande vazio (que é o mar) rodeado de corpos celestiais (que são as ilhas).
Que estilos tem um jardim japonês?
Talvez já tenha ouvido falar dos tipos de jardins japoneses que existem, ou apenas conheça o mais comum, o Jardim Zen ou de contemplação. Mas estas paisagens arquitetónicas podem ser classificadas em vários tipos de acordo com o uso que se faça deles.
Os estilos são os seguintes:
- Jardim de Passeio: como indica o seu nome, são os que se admira a partir de um trilho ou caminho que se faz ao redor de um tanque central ou de uma fonte de água. Este estilo é uma delicada representação da natureza e esta aprecia-se melhor desde a distância. Recorde este conceito: “visão num conjunto”.
- Jardim de Aposento: são os que se contemplam a partir de um único lugar. Costumam estar localizados no interior das casas ou num espaço reduzido, e só podem ser vistos desde um ponto concreto.
- Jardim do Chá (Rōji): todos os jardins incluídos neste estilo têm um caminho reto que leva a uma cabana de palha. São uns dos mais populares e não requerem muito espaço para a sua construção. O seu simbolismo relaciona-se com a tradicional Cerimónia do Chá.
- Jardim Zen ou de contemplação: outro exemplo de jardim popular, desenhado para ser contemplado a partir de um templo. Dão paisagens que convidam à meditação, altamente simbólicos e compostos, na sua maioria, por uma ampla variedade de rochas e cascalho ajuntado que representa a água e as ilhas.
Os elementos que compõem um jardim japonês
O jardim japonês é formado por uma série de elementos escolhidos cuidadosamente e tendo em conta o estilo que se pretende representar. Não pense que as árvores, as plantas, as rochas ou a água foram colocados aleatoriamente.
Pelo contrário.
Todos os componentes são considerados cuidadosamente, pois, tal como referido anteriormente, um jardim japonês está carregado de simbologia e sentimento, e os seus elementos devem cumprir com certas funções concretas.
As rochas são a base e representam a montanha ou a ilha banhada pelo mar. As mais utilizadas são as de origem vulcânica (basalto). Simbolizam o seguinte:
– Ilhas: também conhecidas como Shimas. Este vocábulo é utilizado para nomear as rochas do jardim e o recinto que as contém.
– Monte Shumi: é a montanha do eixo do mundo (religião budista), um lugar místico que se representa com uma rocha no jardim.
– Iwakura: é o espaço que ocupam as rochas. Estas são escolhidas em função da sua forma e colocam-se tal e qual como se encontram na natureza.
– Monte Hōrai: é um lugar místico, algo semelhante a um paraíso, sendo representado com pedras rodeadas por água.
Os jardins japoneses não só estão formados por rochas, também apresentam elementos reais ou simbólicos. Entre estes, destacam-se por exemplo a água, uma ponte que conduz à ilha, uma casa de Chá e uma lanterna (tipicamente de pedra).
E o que se passa com as plantas e as árvores? Nestas encantadoras paisagens podemos encontrar bambus (sobretudo) e outras plantas relacionadas como o pinheiro-negro japonês (árvores de folha perene), plátanos (e outras árvores de folha caduca), fetos e musgos.
Jardins japoneses famosos no mundo
Podemos encontrar um jardim japonês no Japão, mas também em qualquer parte do globo. Existe um grande número deles por todo o mundo, e todos e cada um deles são dignos de menção dada a sua majestosidade e elegância.
Apontamos alguns exemplos de seguida:
- – Japão: como não poderia ser de outra forma, este país é o que recolhe o maior número de jardins. Destacam-se por exemplo o do Museu de Arte de Adachi (Yasugi), Isui-en (Nara), Kenroku-en (Kanazawa) e o do Castelo Akō (Akō).
- – Portugal O primeiro jardim japonês implantado no nosso país fica na Quinta das Lágimas, em Coimbra; outro exemplo desta paisagem pode ser apreciado na Quinta da Liberdade, em Sintra.
- – Estados Unidos: Portland Japanese Garden (Portland), Anderson Japanese Gardens (Illinois) e Ro Ho em Japanese Garden (Phoenix, Arizona).
- – América do Sul: o Jardim japonês de Buenos Aires, da Fundação Cultural Argentino Japonesa; Jardim japonês de Montevideu (Uruguai) e no Chile o jardim japonês de Santiago, (cerro San Cristóbal e cerro Santa Lucía), e Parque Jardim do Corazón (La Serena).
- – Europa: Jardim japonês de Leverkusen (Alemanha), Jardim Japonês de Larvotto (Mónaco), Jardins Zen da faculdade de Tradução e Interpretação da Universidade Autónoma de Barcelona (Espanha), Japanhagen in Milde, em Bergen, na Noruega, o jardim japonês na sede da UNESCO, em França, o jardim japonês em Przelewice, na Polónia.