O Quercus Pyrenaica, conhecido popularmente como carvalho-negral, carvalho-pardo-da-Beira, carvalho-das-Beiras, carvalho-pardo-do-Minho ou pardo-das-Beiras é uma das árvores caducas com mais presença no território nacional, em especial no Interior Norte e Centro. A sua facilidade de adaptação a diferentes climas teve como resultado que esta árvore cresça na maioria das regiões da Península Ibérica. Em termos de longevidade, atinge idades entre os 120 e os 300 anos.

O carvalho-negral tem uma aparência muito característica. Apresenta um tronco grosso, elegante e muito ramificado. As suas folhas são de cor verde muito escuro e as suas flores podem ser masculinas ou femininas. A copa é ampla, de formato arredondado.

O seu fruto é a bolota (um aquénio), que nasce solitária ou agrupada de 2 ou 3, de formato bastante variável, podendo ser elipsoide, cilíndrico ou subgloboso. Amadurece em outubro, com uma cúpula tomentosa e coberta de escamas pouco proeminentes e pilosas de cor cinzento-aveludada. A polpa da bolota tem um sabor amargo.

Apesar de não ter uma madeira muito aproveitável, tem numerosas aplicações, sendo a obtenção de lenha (bastante comum em Portugal), a mais importante. A madeira do carvalho-negral, não sendo de tão boa qualidade como a do carvalho-alvarinho (Quercus robur), devido aos seus troncos finos e mais irregulares, é bastante apreciada para carpintaria, construção civil, mobiliário, marcenaria (soalho, tacos) e tanoaria.
A madeira possui características mecânicas similares à de outros carvalhos, no entanto é mais instável e propensa a sofrer deformações e fendas durante o processo de secagem, que é muito lento.
No século XX, a madeira do carvalho-negral foi muito utilizada em travessas de caminho de ferro, principalmente na construção das linhas da Beira Alta e da Beira Baixa, o que provocou uma grande devastação desta espécie no nosso país.
Como todas as espécies vegetais, o quercus pyrenaica também pode ver-se afetado por diferentes pragas e doenças. Destacam-se as produzidas por insetos e fungos.

Para saber mais acerca desta árvore, continue a leitura.

Carvalho-negral: o que é, que características tem e em que se usa

  • Nome científico: Quercus Pyrenaica
  • Nome comum: Carvalho-negral, carvalho-pardo-da-Beira, carvalho-das-Beiras, carvalho-pardo-do-Minho ou pardo-das-Beiras
  • Classe: Magnoliopsida
  • Ordem: Fagales
  • Família: Fagaceae
  • Género: Quercus
  • Origem: o carvalho-negral é uma árvore originaria da Península Ibérica, do oeste de França e do norte de África. Ironicamente, é bastante rara nos Pirinéus.

Características do carvalho-negral: Descrição e peculiaridades desta árvore

O carvalho-negral é uma árvore caducifólia do género quercus que chega a alcançar 25 metros de altura, sempre e quando as condições sejam ótimas. Apresenta um porte tortuoso, que pode ser corrigido com boas práticas silvícolas e minimizado se o habitat não for assolado por incêndios ou outros danos. O desenvolvimento é lento. Devido à sua de crescimento, é habitual vê-lo germinar formando massas florestais muito emaranhadas.

Ocorre essencialmente entre os 400 e os 1600 metros acima do nível do mar, mas também o podemos encontrar desde o nível do mar até aos 2100 metros de altitude. Em Portugal, encontra-se principalmente em Trás-os-Montes e na Beira Alta.

O quercus pyrenaica desenvolve um tronco direito ou de formas irregulares, de porte elegante e ramificado desde a base. A sua casca é lisa, verde acinzentada. Com a idade, forma gretas longitudinais. Os ramos principais não são muito abertos, ramificando-se de forma radial.

Resultado? Uma copa mais grande, lobulada e tortuosa. Quanto à raíz principal, a partir dela brotam numerosas raízes laterais, muito próximas da superfície do terreno.

Esta espécie de quercus distingue-se facilmente das outras pelas folhas, que são bastante fendidas e com a página inferior muito tomentosa (com pelos densos e acamados) e esbranquiçada. Se bem que seja uma espécie de folha caduca, estas depois de secas mantêm-se murchas na árvore sem caírem, (folhas marcescentes), durante grande parte do inverno, o que constitui também um elemento de identificação.
Variam muito quanto ao recorte e às dimensões.

As flores, masculinas e femininas, florescem em abril, maio e junho.

As flores masculinas têm uma cor amarelada e estão dispostas em amentilhos compridos e pendentes. por sua vez, as flores femininas costumam florescer de forma solitária ou reunidas em grupos de três ou quatro.

Os frutos deste carvalho, como as outras árvores deste género, são umas bolotas. No caso desta espécie, as bolotas são grossas, de pedúnculo curto e rechonchudo e com uns 4 cm de comprimento. Amadurecem em outubro ou novembro.

Principais usos do carvalho-negral

Carvalho-negral
Carvalho-negral

A carência de tratamentos adequados fazem com que a madeira do carvalho-negral seja pouco grossa e de forma irregular. É uma árvore que sempre se destacou pelas suas aplicações florestais. A sua madeira é dura e resistente, mas ao ter as características mencionadas, não é muito aproveitável.

No entanto, pode ser útil para formar parte do cabo de ferramentas ou para utilizar nas travessas do caminho de ferro. Graças ao seu alto poder calorífico, a madeira do carvalho-negral tem sido usada como combustível, quer em forma de lenha ou de carvão vegetal.

O carvalho-negral é muito resistente à decomposição, por tal, o seu tronco destina-se à criação de móveis, tacos ou barris. Para além disso, a sua casca contem uma grande quantidade de taninos, um facto que a torna especial para tintos ou para curtir peles.

Quanto às bolotas, também têm uso. Os frutos usam-se como alimento do gado, estando maduros, ou seja, em outubro e novembro. Para as pessoas, as bolotas têm aplicações terapêuticas e culinárias. Por exemplo, usa-se para cortar diarreias, forma parte de farinhas e a partir delas obtêm-se licores.

É também uma fonte de alimento importante para diversas espécies animais, sendo um habitat favorável ao aparecimento de plantas — cogumelos, por exemplo.

As necessidades ecológicas do carvalho-negral: requisitos para o seu desenvolvimento

O quercus pyrenaica distribui-se por toda a Península Ibérica, formando extensos bosques. Como todas as espécies vegetais, necessita e exige condições particulares para se desenvolver de forma ótima. No caso do carvalho-negral não existem umas necessidades gerais que possam servir para todo o território nacional. Portanto, temos que nos basear nas características do seu habitat natural para se fazer uma ideia de quais seriam os seus requisitos ecológicos.

O clima

O crescimento do quercus pyrenaica está condicionado pela época de seca estival que ocorre em zonas do Mediterrâneo. Nas regiões em que se desenvolve, as precipitações médias rondam os 650mm a 1200mm, o que nos daria uma ideia das condições que necessita para o seu desenvolvimento.

Suporta uma oscilação térmica entre os -5  °C no inverno e 22  °C do verão. Para além disso, resiste bem às geadas e é menos exigente à humidade ambiental quando comparado com outros carvalhos da Península.

Factores topográficos e geomorfológicos

Esta espécie de carvalho necessita de luminosidade média, precisando de uma precipitação média anual superior a 600 mm e humidade ambiental. É uma árvore que prefere solos soltos, de textura arenosa, não suportando solos encharcados ou pesados. Espécie calcífuga, não tolera igualmente solos ricos em carbonatos. De acordo com a zona em que se encontra, o carvalho-negral necessita de condições topográficas ou outras. Por exemplo, nas áreas atlânticas, deve situar-se em ladeiras de vertente sul. No entanto, nos terrenos do sul cresce em lugares mais resguardados, como vertentes a norte ou fundos de vales. Tem um importante papel regulador dos ciclos hidrológicos e protetor dos solos.

E o solo?

O quercus pyrenaica é uma espécie que se desenvolve principalmente sobre solos siliciosos (granitos, gnaisses ou ardósias). Além disso, cresce perfeitamente sobre as rochas, de forma que consegue que o pH da superfície se equilibre.

As pragas e doenças a que está exposto o carvalho-negral

Folha do carvalho-negral
Folha do carvalho-negral

A espécie quercus pyrenaica, tal como as outras variedades vegetais, pode ser afetada por numerosas doenças ou pragas. Estas podem chegar a causar problemas importantes na árvore. O carvalho-negral pode sofrer o efeito de insetos e fungos, e existe uma grande quantidade de agentes suscetíveis de provocar pestes e patologías.

Insetos

As espécies patogênicas que causam pestes são as que se detalham a seguir:

  • Tortrix viridana: Este inseto está incluído dentro dos chamados “desfolhadores”. Com a sua alimentação provoca a destruição de rebentos e a perda das bolotas.
  • Lymantria dispar: é uma praga polífaga que põe os ovos no tronco e ramos. Produz fortes desfoliações.
  • Malacosoma neustria: Põe os ovos sobre os ramos de pequeno tamanho e os coloca de forma ordenada em redor do toro. As lagartas alimentam-se das folhas causando importantes desfoliações.
  • Cerambyx cerdo: Faz parte do grupo de “perfuradores”; o seu objetivo é colonizar as partes mortas de árvores ou plantas. As fêmeas depositam os ovos no interior da casca do tronco e dos ramos grossos. As larvas alimentam-se das capas de esta casca e fazem grandes galerias, o que provoca a destruição da madeira e a decomposição.

Fungos

Os fungos são espécies que atacam os ramos, as folhas e as raízes. Os mais importantes são os seguintes:

  • Oídio (Microsphaera alphitoides Griff.e Maub.): Este parasita pode chegar a causar o aborto de rebentos mais jovens e a murchidão das folhas. Prefere atacar plantas jovens, fazendo-o quando as condições climatéricas são favoráveis.
  • Phytophthora cinnamomi Rands: Afeta as raízes do carvalho. Os primeiros sintomas centram-se na parte aérea, uma zona na qual se observam folhas cloróticas, de menor tamanho, que caem antes do outono. Quando o fungo invade mais partes, aparecem ramos mortos e as raízes apodrecem. Na última fase, o fungo provoca o desprendimento da casca da árvore.

 

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