Como já mencionámos noutras ocasiões, para que um relvado tenha um aspeto são e saudável, é indispensável fazer uma boa manutenção. Se nos jardins privados esta é uma tarefa que se deve fazer com regularidade, o mesmo acontece nas grandes superfícies desportivas, como campos de futebol, de ténis ou de golfe.

Entre os diversos procedimentos ou técnicas que se podem aplicar a um relvado com estas características, o arejamento e a escarificação são tarefas essenciais para manter a saúde e o desempenho da relva. Sabe quais são as suas diferenças e benefícios? Vamos explicar-lhe!

Arejamento e escarificação: são o mesmo?

Como referimos, os processos de arejamento e escarificação são habituais nas tarefas de manutenção do relvado, embora estejam muito mais disseminados no âmbito profissional, em grandes superfícies como parques ou terrenos desportivos. Nestes locais, utilizam-se também corta-relvas focados nestas áreas, como o Automower® CEORA™ 546 EPOS™.

Ainda que estas duas técnicas possam ser confundidas, a realidade é que têm objetivos e métodos diferentes. Apesar de poderem ser técnicas complementares, é possível realizá-las de maneira independente. Normalmente, o processo de escarificação é prévio ao de arejamento, já que, em primeiro lugar, se retira a camada de feltro (resíduos de relva morta ou raízes) e, após a sua eliminação, procede-se ao processo de arejamento, que consiste em melhorar a circulação do ar, da água e dos nutrientes até às raízes.

Contudo, para realizar estas duas técnicas, é preciso ter os conhecimentos necessários para saber como atuar e entender os benefícios que cada uma delas trará ao relvado.

Porquê escarificar o relvado? 

A técnica da escarificação consiste, principalmente, na eliminação do feltro que se acumula sobre as raízes. Esta camada não é mais do que matéria orgânica em decomposição que, se fosse deixada sobre a superfície, poderia demorar vários anos a decompor-se. Quando este feltro atinge uma espessura excessiva, dificulta os processos posteriores para manter a zona verde sã e forte.

A manutenção em campos desportivos deve ser realizada de forma periódica, embora o melhor momento para realizar a escarificação seja a primavera, para assim se poder usufruir do relvado durante todo o verão. No caso dos campos de golfe, a escarificação costuma fazer-se a cada 15 dias, enquanto nos campos de futebol ou ténis pode realizar-se entre 4 a 8 vezes ao ano.

A escarificação proporciona grandes benefícios ao relvado, como a melhora da oxigenação do terreno, ainda que de forma diferente do arejamento. Como referido anteriormente, ao escarificar, elimina-se a camada de matéria orgânica que fica depositada logo acima das raízes da relva. Esta camada impede que o terreno respire, pelo que, ao removê-la, melhora a captação de oxigénio e a salubridade no geral.

Outro aspeto positivo da escarificação é que contribui para que a rega seja mais eficiente, reduzindo o consumo de água necessário. Além disso, potencia a absorção de nutrientes, essencial para o crescimento de um relvado forte e saudável.

Os campos de futebol ou de golfe destacam-se visualmente quando não têm peladas e exibem um verde intenso. A escarificação é um dos segredos para que tal aconteça e é uma das razões para um relvado ter uma grande densidade e uma boa resistência.

Como escarificar o relvado em grandes superfícies desportivas? 

Para realizar uma escarificação em grandes superfícies desportivas, o primeiro passo é a preparação do terreno. Para tal, a terra tem de estar húmida (mas não encharcada). Além disso, a maquinaria deve ser passada de maneira cruzada

Assim que a escarificação do relvado começar, é importante que o faça por secções: com uma primeira passagem num dos sentidos e, depois, uma segunda passagem perpendicular à primeira.

Após de terminar a remoção do feltro, chega uma das partes mais importantes: recolher todos os resíduos gerados por este processo. Se realizar esta técnica e não limpar a área, o trabalho não terá servido de nada.

O que é o arejamento?

Como o próprio nome indica, o arejamento do relvado tem como objetivo oxigenar a sua parte interna, aquela que está sob o solo. É uma tarefa raramente realizada fora do âmbito profissional e, em geral, em campos de futebol, golfe ou ténis, realiza-se até 5 a 6 vezes ao ano.

Para isso, fazem-se furos com cerca de 10 cm de profundidade. Com esta ação, elimina-se um pouco do feltro, sem chegar ao nível da escarificação, corrigindo alguns dos problemas de compactação do solo.

Quais são as consequências da compactação? Principalmente, cria problemas no cultivo da relva ao alterar as propriedades físicas do solo. Ao diminuir os macroporos e os microporos, há menos espaço para o crescimento e desenvolvimento radicular, provocando falta de circulação de ar e de drenagem interna.

Adicionalmente, o oxigénio presente no solo diminui. Isto limita grandemente o processo de absorção de nutrientes pelas raízes e reduz a infiltração de água e as taxas de percolação, alterando as frequências de rega.

Por outro lado, os solos compactados são mais frios quando estão húmidos, atrasando a germinação da relva. Quando estes solos compactados estão secos, no verão, a temperatura da terra aumenta e inibe o crescimento radicular.

Graças ao processo de arejamento, melhoram-se as propriedades do relvado, potencia-se o seu crescimento e contribui-se positivamente para o desenvolvimento das plantas da relva. Este processo realiza-se de duas formas:

• A perfuração simples (ou picagem), que consiste em fazer orifícios com pontas ou picos em rolos, pás ou, inclusivamente, com sandálias próprias para caminhar sobre o relvado.
• Os arejadores de brocas ocas, normalmente conhecidos como saca-bocados. É o tipo de arejador mais eficaz e o preferido pelos profissionais. Ao serem estruturas ocas, quando perfuram o solo, extraem cilindros de terra do relvado (“rolos”), depositando-os na superfície. O buraco resultante pode ser preenchido com areia, adubo ou algumas sementes.

Como vê, as técnicas de arejamento e escarificação de grandes superfícies de relva são essenciais durante o seu processo de manutenção. Seja de forma independente ou combinadas, irão marcar a diferença ao conseguir um relvado denso e com boa saúde.