Se gosta de jardinagem, seguramente que já ouviu falar do chamado “buxus sempervirens”, ou como se conhece habitualmente, o buxo comum. Este pequeno arbusto de origem europeia tornou-se num clássico na decoração de zonas ajardinadas e interiores de casa. O seu uso é principalmente ornamental, o que lhe confere uma grande popularidade.

A principal utilização é como planta ornamental em jardins, onde é utilizada para topiaria (a arte de adornar os jardins, dando às plantas diversas configurações, actividade já utilizada na antiguidade romana e mais recentemente, nos jardins à francesa – neste artigo ilustramos com diversos exemplos de topiaria), em sebes, porque suporta muito bem as podas.

Como toda a planta e árvore que se preze, o buxo requer alguns cuidados específicos para se desenvolver da melhor forma, tanto em áreas ao ar livre como em interiores. É o que vamos abordar neste artigo.

Além disso, ainda que o buxo seja um arbusto muito resistente, pode ver-se afetado por pragas e doenças. Entre elas destacam-se pragas como a da cochonilha ou patologias como o apodrecimento das raízes.

Se tem um buxo e quer saber como tratar dele, ou simplesmente está interessado neste arbusto, este artigo é do seu interesse.

Buxo comum: o que é, que características tem e para que se usa


nome comum: buxo, buxo comum, buxinho
Nome científico: Buxus Sempervirens
Classe: Magnoliopsida
Família: Buxaceae

Origem: O buxus sempervirens é um arbusto pequeno, originário da Europa. Cresce em colinas secas e áreas de mato do centro e sul do continente europeu, na Ásia menor e não norte de África.
Em Portugal a maior concentração encontra-se em Trás-os-Montes, nomeadamente nos vales do Sabor e do Tua. Ocorre ainda noutros pontos do país, desde que as condições naturais e a ação do Homem o permitam.
O buxo ocorre em matos, bosques (pinhais, azinhais, carvalhais), margens de rios e em ladeiras rochosas.

Características do buxo: descrição e particularidades deste arbusto

O buxus sempervirens é um arbusto ou pequena árvore perene que pode alcançar, no seu habitat, entre 2 a 8 metros de altura. Quando é cultivado, é usual deixá-lo crescer até aproximadamente os 3 metros.
Tem um porte muito ramificado e está coberto com materiais lenhosos cujo aspeto difere de acordo com a idade do arbusto. Por exemplo, os buxos jovens apresentam uma casca lisa e os mais adultos têm-na coberta de gretas ou fissuras. Tem um crescimento muito lento.

O buxo comum apresenta folhas inteiras, opostas e flexíveis. A sua forma é oval e têm um tamanho muito pequeno. Costumam ter uma cor verde intenso e brilhante na face superior e na face inferior são pálidas e amareladas.

Quanto às suas flores, o buxus sempervirens floresce ocorre entre fevereiro e maio. As suas flores podem ser monoicas, ou seja, masculinas e femininas. Têm uma cor amarelada, medindo uns 2 milímetros e não têm cheiro. Além disso, são muito ricas em néctar, por isso, atraem as abelhas. Ainda que o arbusto seja muito interessante para decorar, as flores não têm grande interesse ornamental.

Os frutos do buxo apresentam-se em cápsulas castanhas, ovais e duras, medindo cerca de 1 centímetro de comprimento. Amadurecem não verão e ao abrir-se podem ver-se 3 valvas com 2 sementes cada uma, de cor negro muito escuro e lustroso.

buxo
detalhe de um buxo

Usos do buxo comum

O buxo é muito apreciado na jardinagem, sendo muito utilizado na decoração vegetal. Usa-se principalmente para formar sebes e molduras com baixa necessidade de corte, dado que cresce de forma muito lenta. Os seus pequenos ramos usam-se inclusivamente para confecionar ramos de flores ou centros de mesa. A sua madeira é muito apreciada devido à sua cor e dureza, podendo ser utilizada para realizar esculturas e gravuras.

Não só gera interesse ornamental: o buxo também é muito empregado em áreas medicinais. Os frutos são muito tóxicos e as folhas contêm um óleo butiráceo volátil e vários alcaloides e o contacto com a seiva, pode provocar irritações cutâneas.
As folhas, junto com a casca e as raízes, podem ser utilizadas para tratar alguns problemas de saúde, nomeadamente tratamentos para a alopecia, constipações, febre ou reumatismo.

O cultivo do buxo: cuidados

O buxus sempervirens, como todas as plantas, necessita de cuidados especiais para que o seu cultivo e desenvolvimento se faça da melhor forma possível e com uma grande qualidade. Muitos destes requisitos estão relacionados de alguma forma com, por exemplo, a rega, as temperaturas, a poda ou o adubo da planta.

Agora vamos desenvolver cada um deles com o objetivo de que saiba como atuar para obter um buxo de excelente qualidade.

  • Localização: o arbusto crescerá melhor em zonas frescas e exteriores. As melhores localizações são as que tenham uma temperatura entre os 3 e 10 graus durante todo o inverno. Devido à sua natureza, podem chegar a tolerar climas muito frios e geadas de até -10º centígrados. Necessita muita luz pelo que os lugares melhor iluminados são perfeitos para o seu desenvolvimento.
  • Rega: está relacionada com a luz que recebe, ou seja, a rega vai depender da quantidade de luz solar recebida. Nas épocas do ano com temperaturas mais quentes, recomenda-se regar com mais frequência. No entanto, no inverno, a quantidade de água pode ser mais reduzida. Deve-se deixar secar a terra entre regas.
  • Luz solar: devemos localizar o buxus sempervirens em zonas em que receba luz solar direta , mas de forma moderada. Pode crescer em espaços de semissombra.
  • Adubo: durante as épocas de primavera e verão recomenda-se aduba-lo, tanto com adubos minerais ou orgânicos.
  • Substrato: o buxo adapta-se a praticamente qualquer tipo de terreno. Se for plantado em zonas exteriores, o melhor substrato é o calcário. No entanto, se o plantar em vasos interiores, é melhor usar um substrato de cultivo universal misturado com perlite.
  • Transplante: recomenda-se levar a cabo este processo no verão, quando não hajam geadas.
  • Poda: o buxus sempervirens é de crescimento lento e muito resistente. Pode-se podar para manter a sua forma natural ou para converte-lo em sebes, decorando o jardim ou o interior da casa. Este procedimento deve ser realizado antes que floresça.

O buxus sempervirens propaga-se no seu habitat através de sementes, mas se for cultivado, a forma mais usada é por estacas. É muito mais rápido. Para levar a cabo este processo, deves colher ramos desenvolvidos e planta-los num vaso com uma mistura de terra e areia. Estes recipientes devem ser colocados em estufas frias durante o inverno. No final do verão, o buxo já deverá estar enraizado e poderá semeá-lo no jardim ou em vasos mais grandes.

 

As pragas e doenças mais comuns do buxo

O buxo é muito resistente a pragas e doenças, mas não está isento de contrair e sofrer alguma delas. As pragas mais comuns são mosquitos, cochonilhas e ácaros. As doenças mais comuns são a podridão da raiz, cancro e ferrugem.
Todas causam algum mal ao buxus sempervirens, por isso, analisamos cada uma delas.

ornamento com buxo
ornamento com buxo

Sintomas de problemas do buxo

  • As folhas caem
    É o problema mais comum no buxo. Demasiada humidade, sobretudo se o local for pouco arejado (jardim rodeado de sebes altas ou de muros) favorece os fungos do buxo, responsáveis pela queda das folhas. A doença é contagiosa. Deve agir de forma preventiva. O remédio passa por pulverizar com enxofre molhável (o mesmo que se utiliza nas árvores de fruto). Deve ser suficiente para proteger o buxo contra estes fungos. Pulverize com tempo seco e com temperaturas acima dos 15º centígrados.
    Se o seu buxo estiver muito doente, corte-o rente ao chão e deixe que volte a crescer. Tenha o cuidado de não confundir a doença das folhas do buxo com um ataque de lagartas, outro perigo para estes arbustos.
  • As folhas estão mordidas
    Olhando de relance, o buxo parece saudável, mas depois descobre a presença de lagartas que estão a mordiscar as folhas no interior do arbusto e que apenas em último lugar vão comer as folhas exteriores. As lagartas são as do mosquito do buxo. As lagartas são grandes e os casulos são bem visíveis. Não se pode confundir este ataque das folhas com o dos fungos patogénicos, pois, neste, as folhas caem sem estar mordidas. Os ramos desguarnecidos pelas lagartas poderão voltar a ficar verdes , mas será necessário ajudar o arbusto. De forma a erradicar esta praga, regue quando a terra estiver seca, dê-lhe um pouco de adubo entre a primavera e o verão. Se as lagartas ainda estiverem presentes, poderá por um ponto final nos estragos pulverizando um produto ecológico contra as lagartas (Bacillus thuringiensis ou BT), e de preferência à noite.
  • As folhas ficam amarelas
    Em qualquer época, os bordos das folhas podem perder a cor, como se a planta fosse variegada. Não é um ornamento da planta , mas sim um sinal de stresse, nas raízes. Geralmente trata-se de um sinal de excesso ou de falta de água. Regue mais frequentemente (se a terra está seca) ou melhore a drenagem (se a terra estiver húmida): e tudo correrá bem!
  • As folhas ficam alaranjadas
    É um problema dos buxos cultivados em vasos – raramente os que são cultivados na terra podem ficar completamente laranja. É sinal de falta de água. Enquanto as folhas não caírem a planta está viva , pois o buxo é uma planta bem adaptada à seca. Mas regue de imediato guardando a terra húmida até que as folhas voltem a ficar verdes (demora cerca de uma semana). Durante este tempo não coloque adubo. Tenha apenas o cuidado de verificar que o arbusto tem a água de que necessita.
  • As folhas deformam-se e ficam com a forma de uma colher
    Os sintomas são simples: a folhagem empola, especialmente na ponta dos ramos. Este fenómeno verifica-se no buxo de folhas grandes. Esta deformação é causada por larvas inofensivas e microscópicas. Não há tratamento.

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